Gravidez de pessoas transmasculinas
paradoxo ou reinvenção da masculinidade?
DOI:
https://doi.org/10.46661/relies.8091Palavras-chave:
Masculinidade, Homens trans, GravidezResumo
Nas últimas décadas, a população de pessoas transexuais, também conhecida como população T, vem aumentando a cada dia, tornando sua existência visível e criando novas demandas para os profissionais de saúde, incluindo maternidade e/ou paternidade biológica. Sem pretender esgotar o tema, este artigo visa refletir sobre a gravidez de pessoas transmasculinas, questionando se esse fenômeno é paradoxal ou a reinvenção da masculinidade. Para refletir sobre essa questão, os autores partem de uma discussão sobre o corpo como construção social colocando, em sequência, a masculinidade em foco para demonstrar o fenômeno da gravidez transmasculina.Concluímos que a gravidez de homens transexuais é a possibilidade de realização de um desejo pessoal de constituir família e que eles próprios possuem a capacidade biológica ou o direito de gestar, mesmo que isso deslegitime sua identidade, uma vez que não deixam de ser homens porque são Ao contrário, é importante apostar nas múltiplas possibilidades que a diversidade humana encerra. Ao final, sugerimos que reflexões sobre a gravidez de pessoas transmasculinas são importantes para combater o preconceito e a discriminação, contribuindo para mudanças estruturais na construção social em torno da masculinidade, da feminilidade e da própria ideia de concepção.
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